Sexta-feira promete ser explosiva para o Fed e o Bitcoin

Nesta sexta-feira, Wall Street está em suspense. O Departamento de Trabalho dos EUA se prepara para divulgar os números da inflação em circunstâncias incomuns: em meio a uma paralisação total do governo e apenas cinco dias antes do Fed decidir sobre as taxas de juros. Para o Bitcoin e os mercados de cripto, cada decimal contará.

Um anúncio surpresa sobre inflação preocupa investidores de cripto

A programação intriga. Pela primeira vez desde janeiro de 2018, os dados de inflação do CPI dos EUA serão divulgados em uma sexta-feira. Ainda mais surpreendente: essa publicação acontece durante a paralisação das administrações públicas.

O Departamento de Trabalho excepcionalmente convocou alguns funcionários para garantir a divulgação dos números, inicialmente prevista para a semana passada.

Essa decisão, descrita como “incomum” pela Kobeissi Letter, levanta questões. Por que mobilizar recursos durante a paralisação para esses dados específicos? O momento é ainda mais marcante, pois ocorre cinco dias antes da decisão monetária do Federal Reserve. Os mercados financeiros, operando às cegas sem grandes relatórios econômicos, agora observam esse número com nervosismo.

Jerome Powell já anunciou um corte de 25 pontos-base. Mas essa promessa pode ruir se a inflação ultrapassar 3,1%. O FOMC então se veria dividido entre a necessidade de apoiar a economia e o imperativo de conter a alta dos preços. A ferramenta CME FedWatch estima um total de redução de 50 pontos-base este ano, mas a incerteza permanece.

O mercado de cripto, particularmente sensível às políticas monetárias, já está reagindo. Jack Mallers, chefe da Strike, prevê uma recuperação em meio às recentes tensões bancárias. Empréstimos inadimplentes do Western Alliance e do Zions alimentam especulações de um afrouxamento monetário favorável aos ativos digitais.

Ryan Lee, analista-chefe da Bitget, confirma essa análise:

O corte esperado de 25 pontos-base pode ser um catalisador de liquidez para os mercados de cripto. Custos de empréstimos mais baixos geralmente estimulam o apetite por risco, podendo desencadear ganhos de 5 a 10%.

Bitcoin surfa no otimismo comercial

As criptos mostram uma recuperação espetacular. O Bitcoin sobe 3% e atinge US$ 111.049, enquanto os volumes de negociação explodem 75% em 24 horas.

Essa euforia coincide com o alívio das tensões comerciais entre Washington e Pequim. Donald Trump tranquilizou os mercados sobre as tarifas chinesas, fazendo o ouro cair de seu pico histórico de US$ 4.375.

Os investidores apostam em um “CPI altista” que fortaleceria o cenário de corte de juros. Dados da Coinglass revelam compras massivas em derivativos, sugerindo um possível short squeeze no bitcoin. Ethereum se recupera acima de US$ 4.000, enquanto BNB e XRP sobem 3% e 4,5%, respectivamente.

A reunião agendada desta semana entre o Secretário do Tesouro Scott Bessent e o Vice-Premiê chinês He Lifeng alimenta o otimismo. Ela prepara o terreno para uma possível cúpula Trump-Xi ainda este mês. O analista Ted Pillows identifica US$ 112.000 como um nível crucial: “O Bitcoin se mantém, mas o sentimento permanece cauteloso”, observa.

Esse contexto favorável é acompanhado por um sinal institucional importante. O Fed realizou uma conferência histórica sobre inovação em pagamentos na segunda-feira, recebendo oficialmente os gigantes das criptos pela primeira vez.

Sergey Nazarov da Chainlink, os chefes da Circle, Paxos e Coinbase participaram das discussões ao lado da BlackRock e JPMorgan. Uma mudança radical após anos de desconfiança regulatória.

A divulgação do CPI nesta sexta-feira determinará a direção dos mercados de cripto nas próximas semanas. Entre o alívio geopolítico e a incerteza monetária, o bitcoin navega em águas turbulentas. Mas a abertura histórica do Fed ao setor pode redefinir de forma sustentável as regras do jogo.