Morgan Stanley prevê outono para o Bitcoin

Morgan Stanley alerta para um possível ponto de virada no mercado cripto. Em uma análise recente, o banco menciona um fim de ciclo para o Bitcoin e recomenda que os investidores realizem seus lucros. Em um contexto de volatilidade persistente, esse sinal de uma grande instituição convida à cautela.

Sinais técnicos de desaceleração

Em um episódio recente do podcast Crypto Goes Mainstream, Denny Galindo, estrategista da Morgan Stanley Wealth Management, apresentou uma leitura cíclica do mercado de bitcoin que merece total atenção dos investidores, enquanto o preço da moeda luta para se recuperar mesmo após o fim do shutdown americano.

Segundo ele, o BTC estaria atualmente em uma fase análoga ao “outono” de um ciclo agrícola. “Estamos atualmente na estação do outono. O outono é a estação da colheita. Então, é hora de realizar seus lucros”, afirmou.

Essa abordagem se baseia em uma observação histórica do comportamento do bitcoin, que Galindo resume como “três anos de alta, seguidos por um ano de queda.” A mensagem subjacente é clara: aqueles que acumularam posições durante os períodos de baixa devem considerar realizar seus lucros antes de uma possível correção.

A Morgan Stanley adota aqui uma visão estruturada e macroeconômica do mercado cripto, integrando-o em uma lógica de análise cíclica comparável à utilizada para outras classes de ativos. Essa posição não se baseia apenas em uma impressão de mercado, mas em uma grade de leitura precisa. Aqui estão os principais pontos destacados pelo banco de investimentos:

• Um ciclo de quatro anos identificado: Galindo descreve uma sequência regular de três anos de alta seguidos por um ano de correção, consistente com o histórico de preços do BTC;

• O momento certo para garantir lucros: a analogia da “estação da colheita” marca, segundo ele, um período estratégico para sair parcial ou totalmente do mercado;

• Uma leitura alinhada com ciclos clássicos de mercado: essa visão aproxima o bitcoin de commodities ou outros ativos sujeitos a lógicas sazonais;

• O sinal de uma maturação do mercado: o fato de a Morgan Stanley expressar publicamente esse modelo reflete uma normalização da abordagem cripto dentro das grandes instituições financeiras.

Esse reconhecimento do BTC como um ativo estruturado e cíclico marca um ponto de virada. Também permite interpretar os movimentos de preço não mais como eventos aleatórios, mas como sequências integradas a uma dinâmica mais ampla, potencialmente útil para investidores de longo prazo.

A desaceleração da liquidez cripto

Além da análise cíclica da Morgan Stanley, diversos indicadores técnicos recentes parecem dar crédito à ideia de desaceleração do mercado. Em 5 de novembro, o bitcoin caiu abaixo de sua média móvel de 365 dias, um nível acompanhado de perto por analistas.

“Essa quebra é um forte sinal de baixa”, comentou Julio Moreno, chefe de pesquisa da CryptoQuant. Essa quebra técnica é frequentemente interpretada como uma transição para uma dinâmica de mercado negativa, e levou alguns analistas, como Andri Fauzan Adziima da plataforma Bitrue, a declarar que essa queda marca oficialmente “a entrada em um mercado tecnicamente baixista.”

Junto a esses sinais gráficos, a liquidez do mercado cripto mostra sinais claros de estagnação. Segundo uma análise recente publicada pela market maker Wintermute, as três principais fontes de liquidez — stablecoins, ETFs cripto e tesourarias de ativos (DAT) — pararam de fornecer fluxos líquidos positivos ao mercado.

Esse teto nos influxos de liquidez constitui uma restrição importante, ainda mais problemática em um contexto onde o impulso de alta do mercado era amplamente baseado nesses motores. A desaceleração observada hoje pode, portanto, reduzir o espaço de manobra do mercado e aumentar os riscos de uma correção prolongada.

Diante dessas dinâmicas convergentes, os investidores agora precisam lidar com um ambiente menos favorável. Enquanto a realização de lucros mencionada pela Morgan Stanley se encaixa em uma leitura cíclica do mercado, esses dados complementares reforçam a necessidade de uma gestão ativa de riscos. No curto prazo, o mercado parece frágil demais para voltar a subir fortemente, especialmente após o caos causado pelas tarifas de Trump.